Thursday, December 01, 2005

Serafim, o último e o único!

Alguns personagens ficaram famosos na cena brasileira; lembro de três deles: Eremildo, o idiota, criação do jornalista Elio Gaspari; a Velhinha de Taubaté, de Luiz Fernando Veríssimo, e Palhares, o Canalha, do jornalista Nelson Rodrigues. Os dois primeiros se notabilizaram pela credulidade, pela inocência; já o segundo foi o prótotipo do mau caráter que não respeitava ninguém, nem mesmo as cunhadas.
Eu pensei em criar um novo personagem, não inspirado na credulidade de Eremildo e da Velhinha, nem no mau-caratismo de Palhares, mas inspirado na dureza, na falta, na míngua, no miserê, na miséria, penúria, pindaíba, privação, quebradeira, quebreira, enfim, digamos do estado de necessidade. Esse personagem seria Serafim, o que está perto do fim.
A inspiração para o personagem é pessoal, isso, eu mesmo! Assim como a Velhinha de Taubaté representava - porque dizem que este ano, depois de tantos escandalos no governo Lula, ela morreu - era a última crédula do País, Serafim personifica o último cara quebrado do País. A gente lê tantas notícias falando em melhoria de índices, dos indicadores, dos salários, do nível de confiança, de vendas, etc, que eu me sinto um Serafim, o último e único cara na míngua nesse solo brasilis.

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