Tuesday, October 28, 2008

O poder de perfumar

As essências aromáticas, mais conhecidas como perfumes, dividem-se em várias categorias de acordo com os níveis de concentração dos óleos aromáticos, do álcool e da água na sua composição. O todo, o produto final, visa proporcionar um odor agradável. Não são iguais, seja pela variedade de aromas, seja pela suavidade ou agressividade, seja pela rápida volatilidade ou pela permanência.

Gosto de pensar que a literatura é, de alguma forma, comparável aos perfumes. Seja quanto a variedade dos textos, seja quanto a impressão que causam, sejam quanto a permanência e a sua essência. Assim como os perfumes, os textos tendem a deixar no leitor uma essência, uma impressão final permanente.

Ao escrevermos colocamos muita água, muito álcool e um pouco de essência. As palavras constróem um arcabouço, um grande volume, tomos, centenas de páginas escritas das quais se extraem algumas pérolas valiosas - ao menos, é o que se espera! Ao final da obra, e depois de algum tempo, permanecerá a essència da mensagem que se quis passar.

Gosto de pensar que é possível destilar - via processo reverso - desse grande e vasto conteúdo, ou que é possível diminuir em grande parte as firulas - o álcool, a água - e fornecer o produto final: a essência. Há os que defendem que a pérola só vem depois de se produzir muitas ostras. Prefiro acreditar que não, que é possível produzir essência.

Se é possível ou impossível? Depende da análise que se faça daquilo que foi escrito, daquilo que se leu.

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